sábado, 8 de março de 2008

A TRINDADE

I. A PESSOA DE JESUS


A concepção de três que são um, e o termo "trindade" surgiram no século terceiro quando a questão da humanidade e divindade de Jesus Cristo estava sendo severamente disputada. Vários estudiosos lançaram sua doutrina, dentre as quais, algumas eram simplesmente muito estranhas . Tertuliano, proeminente pensador cristão da época, e veemente combatente das heresias (ainda que mais tarde ele mesmo foi considerado um heresiarca) estabeleceu, em seu tratado refutando heresias, intitulado "Contra Praxeas", os fundamentos da doutrina da Trindade. Esse Praxeas, um outro estudioso das Escrituras, dizia que Jesus era o próprio Deus Todo-Poderoso, e espalhava seu ensino rapidamente. Ao escrever a carta combatendo a heresia de Praxeas, Tertuliano começa assim: "... Ele diz que o próprio Pai desceu à Virgem, Ele mesmo nasceu dela, Ele mesmo sofreu, Ele mesmo era Jesus Cristo". A partir daí, Tertuliano, que se considera instruído pelo Paracleto (o Espírito Santo - quem ele entende que também surgiu do Pai através do Filho), estabelece a sua própria doutrina da unidade com relação à pessoa de Jesus Cristo, do Pai, e do Espírito Santo.


A DEFINIÇÃO DA TRINDADE POR TERTULIANO


Tertuliano acrescenta em seu documento: "Dessa maneira, um não é todos, porém todos são um pela unidade, isto é, em substância... que distribui a unidade em uma Trindade, pondo em ordem as três pessoas, o Pai, o Filho e Espírito Santo, três, não em condição, mas em grau, não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aspecto, todavia de uma única substância, e de uma única condição, de um único poder, assim como Ele é um Deus, de quem três formas e aspectos são percebidos, sob o nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo".Esse pensamento encontrou terreno fértil e foi largamente aceito. Espalhou-se pelo mundo cristão com muita rapidez e logo passou a ser a doutrina oficial sobre Deus, chegando a ser denominado "A Santíssima Trindade", título que se assemelhou à palavra "Deus", que não pode ser usada em vão.. Essa "igualdade" do Filho com o Pai é-me confusa. É consenso comum entre nós o saber que um filho não é igual ao pai em muitos aspectos.


A PESSOA DE JESUS - UMA ANÁLISE


O primeiro desses aspectos é que o pai é antes do filho. Não podemos estabelecer "quando" Deus, o Pai, surge, ainda porque Ele é sempiterno, isto é, não tem começo de dias, nem fim de existência - nossa mente carnal limitada não consegue alcançar esse conceito com facilidade. Podemos, entretanto, afirmar que o Filho, Jesus, é depois dele. Isso dizemos com segurança por sabermos que o Pai gerou ao Filho.
Hb. 1:5 "Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?"
Nesse ponto, podemos dizer que
Ário estava certo ao afirmar em sua teoria que "houve um tempo em que Jesus não era". Isso soa como mais uma heresia, e o é se considerarmos a concepção da Trindade tal qual ela nos foi entregue. "Tu és meu filho, eu hoje te gerei.", ao afirmar isso, o salmista (e o autor de Aos Hebreus) diz que o Pai teve um Filho gerado de si mesmo.
Ora, para gerar um filho, o pai necessariamente existia antes desse filho. Deus gerou seu Filho antes de começar a obra da Criação, as Escrituras não nos permitem ter dúvidas acerca disso. Jesus é antes do princípio das coisas criadas. As Escrituras afirmam que Deus "gerou" a Jesus tal qual um gera seu filho, isto é, da sua mesma, própria, essência. Jesus tem a mesma essência do Pai, Ele é Deus!


A CONCEPÇÃO TRINITARIANA


Tertuliano, com o fim de explicar a pré-existência de Jesus, diz que, sendo Jesus da mesma substância do pai, sempre esteve no Pai. Assim como, sendo nós carnais, nossos filhos são desde que nós somos, pois são da mesma essência que nos forma. Este conceito, é possivelmente da concepção hebraica de que um que posterior pode ter participado das obras daquele que o antecedeu. As Escrituras afirmam "Levi pagou dízimos na pessoa de Abraão" Hb.7:9. Isto por ser seu descendente. Percebo que esta conjectura é forçosa e não justifica a "igualdade" em existência pretendida por Tertuliano.


JESUS E DEUS FORA DO CONCEITO DA TRINDADE


Sendo Deus, Jesus tem poder semelhante ao Pai, tem eternidade semelhante à do Pai, tem autoridade sobre tudo quanto lhe deu o Pai, é soberano sobre tudo que existe tal qual o é o Pai, conhece semelhantemente ao Pai, pode estar presente em todos os lugares tal qual o Pai. Entretanto, devemos ter em mente que Jesus ainda é o Filho, e como filho deve obediência ao Pai.
Essa unidade estabelecida entre Jesus e Deus, o Pai, é por todos esses atributos, e por concordarem em todas as coisas, isto é, o Filho conhece do Pai, e o segue em tudo. É prazeroso para Jesus fazer tudo conforme lhe ensina o Pai. É importante lembrar que também Jesus é para a glória do Pai. Isto significa que tudo que é dedicado a Jesus, é para a glória de Deus. O Filho não mantém para si glória alguma, a não aquela que lhe outorga o Pai.

Conclusão :
Quando adoramos a Jesus, o Pai é quem é adorado, quando glorificamos a Cristo, o Pai é glorificado através do Filho. Quem glorifica o Filho é o Pai, Ele não mantém para si aquilo que lhe é entregue, mas entrega tudo ao Pai. E é justo que glorifiquemos o Filho, para que por Ele, o Pai seja glorificado. Se glorificarmos ao Pai somente pela obra realizada pelo Filho, o Filho não ficará enciumado, ao contrário, se alegrará em saber que o Pai, por Ele, é glorificado. E, não ficará sem glória, pois, do Pai recebe honras e glórias.
O Pai envia, o Filho é enviado. O Pai ordena, o Filho obedece. Essa ordem não pode ser alterada, nem mesmo nos céus. A concepção da Trindade confunde essa relação Pai e Filho. Jesus Cristo não é diminuído por ser Filho e estar submisso ao Pai, pelo contrário, nisso Ele é glorificado pelo Pai. Sobre toda Criação podemos dizer que Jesus tem a mesma autoridade e soberania de Deus o Pai. Isso lhe foi concedido antes do princípio dessas coisas. Tanto honra Deus o Pai a seu Filho Jesus, que por Ele, para Ele, e por causa dEle todas as coisas foram feitas!